Playback 2006
Restrospectiva 2006 Janetinha:
- Decidi virar 1/3 auditora e 2/3 estudante. Foi o ano que vivi o melhor-segundo- meio-dia de auditor: Quando decidi me afastar do emprego por um ano. Foi o 2/3 de ano mais intenso de minha vida. E os 1/3 restantes foram o fim do inferno para mim.
- Nunca imaginei trabalhar sorrindo no inferno. É claro que isso foi na última semana de inferno.
- Passei por muita agonia até a definição da data de embarque. Mas tive inúmeras festas e encontros de despedida. Quero agradecer até agora por ter amigos tão especiais, mesmo tão longe. E amigos tão especiais que aguentam gente breaca!
- Senti na pele a primavera de 5 graus no Canadá em apenas 5 horas de espera. E eu achava que isso era suuuuuper frio!
- Vi como eh bonita a paisagem de neve com cerejeira de dentro do trem. Embora nunca tenha sentido, até então, o que era neve na pele.
- Me senti protegida por um monte de montanhas com cobertura de Leite condensado. E nesse lugar me estabeleceria por 8 meses!
- Mas no verão, o leite derreteu. E virou água verde no rio...estranho, será leite estragado?
- Sempre odiei ar condicionado. Este ano descobri que amo ar condicionado. Espero mudar essa opinião até chegar em casa...
- As lições: Aprendi a tirar os sapatos na casa dos outros, mesmo com chulé. Aprendi a comer toda a comida do prato, mesmo que esteja muito ruim. Aprendi a comer Natto, mesmo que isso seja soja podre. Aprendi a fazer compras pra um dia, e não para uma semana como fazia no Brasil. Aprendi a usar trem e não mais ônibus. Aprendi a gostar de Lamen, porque não é Miojo. Aprendi que os homens nem sempre parecem homens, porque mesmo que sejam parecidos com mulheres, eles ainda são considerados homens. Aprendi que não se pode dar selinho na rua, porque isso é quase um crime. Aprendi que o melhor sashimi é de Himi e que os outros sashimis são ruins (isso vai me prejudicar no ano que vem). Aprendi que nem todos jovens japoneses parecem estranhos, Eles são mais estranhos do que imaginamos. Aprendi a falar obrigado em hungaro, amigo em koreano e vai tomar no c* em russo, embora não saiba até agora como se fala isso em japonês. Aprendi que não se deve comprar um ipod com capacidade maior que a do seu micro porque você não tem dinheiro pra comprar um HD com a mesma capacidade. Aprendi que nem todo tarado é burro. E que existem tarados interessantes no mundo. E isso é bom desde que eles não sejam atrevidos com você.
- Descobri que o mundo dá voltas. E que o mundo é globalizado. Tantos encontros e reencontros que realmente me surpreenderam.
- Vi que os(as) velhinho(a)s do Brasil têm que ter como meta o(a)s velhinhos(as) daqui: Lúcidas, engraçadas e cheia de coisas para nos ensinar. Só não podem andar de bicicleta e de carro, como fazem aqui, porque isso já é perigoso demais.
- Vi que os jovens daqui tem muito o que aprender com os velhinhos. E precisam aprender boas maneiras com a gente. (Porque me emociono quando vejo um jovem dando lugar para um velhinho. Esse ato era tão comum no Brasil...).
- Descobri que a Rússia vivia em guerra fria com o império da água negra mas importava Beverly Hills 90210. (Tá, era no finzinho da guerra fria).
- Descobri como as pessoas são diferentes em cada canto to mundo. Nunca convivi com tanta gente de tanto credos, nacionalidades e etnias diferentes. Mas no fundo, It´s a small world after all, porque todos falam mal do Japão.
- Ainda não descobri como se faz um real ritual de tomar chá. Embora tenha ido em vários pseudosadous.
- Escrever com tinta preta é legal! Ainda mais quando essa tinta preta não sai da sua roupa nem com erva-de-mata-santo! E depois pensar que larguei o Shodo...Foi por motivos óbvios.
- Encontrar ostras e peixes vivos dentro da bandeija lacrada em supermercado é algo possível e real! Cuidado com os carangueijos!
- Descobri que os motoristas velhinhos do Japão não gostam de brasileiras com bicicletas.
- Neve...Neve é gelado!
- Da última vez que senti frio de -3 na minha vida, antes de vir para cá, foi numa câmara fria de fermentos. E o moço responsável falou que meu óculos poderia quebrar. Espera ele vir para cá, então. Partindo da lógica dele, outras coisas podem quebrar.
- Encontrei os meus familiares e lá me encontrei. Com 14 anos de idade. Encontrei meus pais e meus avós recém casados. Encontrei resquícios de minha família no outro lado do mundo.
- Ah, outro aprendizado: a viver com 200 ienes na carteira por uma semana. É bom deixar resto de comida congelado! Sempre vai servir para alguma coisa.
-Aprendi um novo método de suicídio: embaixo do telhado em dia de neve em Toyama. Ainda mais do templo Zuiryuji. Quando elas escorregam deve ser pá-pum.
- Quebrar carro em primeiro dia de tempestade de neve é foda.
- Pegar taxi em dia de neve, só com reserva.
- Tem gente que vive em frio de -50!
- Enfim...teve outras muitas coisas. Mas acho que não possuem o crédito serem postadas aqui. Enfim, 2006 foi um ano muito intenso e cheio de novidades!
Espero que 2007 seja mais intenso. E que assim seja pra vocês também!
Feliz Ano Novo!