Saturday, September 30, 2006

Um papinho com a Sadako...

Olá, Sadako. Tudo bem com você?
Sabe que descobri uma coisa? Faz uns dois anos, escrevi um post para uma menina chamada Samara. E ela era uma cópia infantil tua. Que estranho, né? E o pior, ela era americana. Como você pode perdoar uma coisa dessas?

Então Sadako. Eu sei que você deve falar uma daquelas línguas estranhas, mas espero que você entenda português também. Mas eu juro. Não estou a fim de fazer cópias de video daquele filminho com sua mãe e com o poço onde você caiu. E aquele monte de imagens estranhas? O que é aquilo? Que coisa de mal gosto!!! Desse jeito você não vai conseguir chegar nem no festival do minuto em São Paulo.

E outra: Vídeo é um negócio tão velho. Vamos nos atualizar, né? Ripar um DVD é muito mais prático. Será que você não me entende? A gente põe no computador e tudo se resolve. Aliás, o computador é um modo alternativo de você proliferar aquele vírus estranho lá. E ver você saindo pelo computador é de tirar os óculos de muitos Otakus!

Falando em vírus, poxa, Sadako, você tá exigente, né? Precisa de duas histórias de 1 hora e meia para gente gastar mais na locadora? Um filme de 3 horas seguidas não resolveria o seu problema? E o pior ainda é que tem continuação e vou ser obrigada a pegá-los. tsc tsc. Você só me dá trabalho!

Onde foram os cavalos, Sadako? Só porque na versão japonesa você tá maior, você não gosta mais de cavalos? E pior, você gosta de médicos. Espera você. Tem noção do que é um homem bom e rico.

Pois é, Sadako.A única coisa que queria pedir para você é para prolongar minha vida até o ano que vem. É que não quero morrer solteira, sabe? Tá certo que ano que vem não vou arranjar namorado também, mas é que se for pra morrer, quero morrer na minha terra. Não em terras estrangeiras. Vê se me entende.

E se sentir sozinha no poço, vou deixar o mesmo recado que deixei para a Samara. Pode vir aqui me visitar de vez em quando. Só que a TV é um pouco pequena. Pode usar o microondas também. Mas não deixe cair fios de cabelo, porque isso é nojento. Ainda mais os seus longos cabelos.

Falando em cabelo, tá na hora de arrumar o seu cabelo, né? Por que você não pinta ele de pink? Ia ficar bem bonito. Pink com luzes azuis...Pink com luzes loiras...Pink com luzes Pink claro! Nossa, que sadako fashion, hein? Não ia perder das ko-girls de Tokyo.

P.S.: Ah, e se você tiver interesse em saber o que escrevi para a Sadako, você pode ir no meu blog velho e ir no mês de maio. Lá está a cartinha para a Sadako e uma foto dela. Ela é bem bonitinha!

Thursday, September 28, 2006

Última semana de férias...

Férias chegando ao fim. Não aguento mais férias. Afinal, férias são boas mas eu não sou inútil.

Vou fazer um resuminho das coisas que fiz nas férias:

Julho:
- Última semana foi o Fuji Rock Festival. Fera!!!
Agosto:
- Para o primeiro dia, recebmos convite especial para ver fogos de artifício pelo jornal da cidade. Estava tudo muito lindo! Quase fiquei surda de tão perto que estávamos, mas faz parte. Era o maior festival da cidade.
- No dia seguinte, saímos para comemorar o aniversário da Mariana, no nosso lugar da cerveja servida em Bule e da tampa do banheiro que abre sozinha. Fera de novo!
- Fui em algumas reuniões da galera da caligrafia. Chato.
- No outro dia fui em uma palestra bem chique sobre a Asean, onde juntou um monte de penguins. E eu era uma das poucas penguins fêmeas. Foi legal.
- No dia seguinte fui cuidar de crianças em Fukushima. Fiquei um bom tempo sem tomar banho.
- Na semana seguinte eu fui a criança cuidada em Tokyo.
- Eu voltei e logo fui beber com a galera em Toyama.
- Depois, nesse mesmo fim de semana, fui para Gifu no encontro de bolsistas.
- Na semana seguinte, eu fui ajudar o amigo do meu pai a fazer uns Kamishibai.
- Depois eu escrevi um artiguinho sobre o que eu tava achando de Toyama para o Nambei kyoukai com o meu japonês mais que tosco.
- Aí,na outra semana, fui pentelhar a Mariana para tirar carta de motorista no Japão. Cara, é massa. Tudo muito diferente!
- Aí veio a internet em casa
- Depois, fiquei baixando um monte de troço em casa.
- Fui para a pré-festa de Owara e dancei. E comi muito e fiquei amiga da Kana, uma cadelinha super fofa da casa de uns dos chefes do meu tantosha.
- Depois saimos para beber de novo. E encontramos um frances chato.
- No dia seguinte fomos para o beer garden. Cara, isso foi maravilhoso! Quanta comida e quanta cerveja!!! uhuuuuuuu!!! E ainda depois fui para o Sonic beber. Que loucura!
- Aí, fiquei pegando aulas de direção com a Mariana e aprendendo ichi-ni-san. ichi-ni-san-shi para ver o retrovisor. Muito massa!

Setembro
- Fui para o Owara ver a galera dançando dessa vez. Comi muito e usei Yukata, que fofa!
- Depois fui encontrar um dos sócios da empresa onde trabalho aqui do Japão e fomos almoçar. Que bom que não falamos muito sobre o trabalho.
- Aí teve a festa do Andrew. Só tinha gringo e nunca achei que conseguiria manter uma relação em inglês por tanto tempo!
- Ai no dia seguinte, fomos para Kosugi fazer cerâmica.
- Depois, na segunda teve aquele maldito gasshuku. Que bosta. Aguentar um monte de jovem nóia por 4 dias em Ishikawa.
- Depois fomos ao karaoke e ficamos até as 4 horas da manhã para curar a ferida do gasshuku.
- Não contente no dia seguinte fomos beber até umas altas horas da madruga.
- Não contente no outro dia ainda teve a festinha da Tati.
- Daí, quando a Mariana foi fazer a prova para tirar a carteira de motorista, ela foi tão bem, que quando fui perguntar para o instrutor se eu precisava traduzir alguma coisa ele falou que`NÃO´.
- Daí fomos no saizeriya beber para comemorar a carteira da Mariana. É claro que ela não dirigiu, dãããããã!
- Depois teve a festa do Damian, que foi embora para a Austrália. Foi bem divertido. Conhecemos uma menina que estuda com ele na faculdade, cujo apelido é `quinta série do primário`.
- Depois teve uma outra festa do Damian, aliás, duas, porque começou em um lugar e terminou em outro.
- Fui para a casa dos meus parentes em Oosawano..que emocionate foi.
- Aí, fui para Kyoto. Cara, que massa!!! Kyoto é tudo!
- Depois voltamos e fizemos um curry na casa da Tintya! (Na verdade a Tintya que fez, mas tá valendo).
- Bebemos e conversamos muito.
- Aí no dia seguinte fomos para Iwasehama, junto com um monte de velhinhas. E descobrimos que as velhinhas são mais legais que os universitários. Nos divertimos a beça. E ainda comemos um monte de lula, camarão e ostra na chapa.
- Daí fui visitar o escritório de Takaoka da empresa onde trabalho no Brasil. Saí para beber com uns gerentes.

E como isso foi ontem, acabaram meus relatos.

Fora isso ainda fiz tachiyomi na loja de livros usados, vi alguns filmes, fui encher o saco na casa de um monte de gente e fui fazer compras várias vezes.

Cara, viu que chato.Tô cansada. Não aguento mais essas férias.

Saturday, September 23, 2006

Uma caixinha de surpresas!

Hoje fui para a casa dos meus parentes de Toyama. São parentes distantes. Eles tem sobrenomes diferentes dos nossos (A família do meu pai é de Toyama) e o Senhor que vive aqui é primo do meu avô.

Meu avô mantinha contato com a sua terra. Mas da geração dos meus pais para a nossa, fomos perdendo o contato. E fomos perdendo o contato...Até que essa relação se tornou algo mais distante ainda.

Mas desde que cheguei aqui, quis que quis visitá-los. E hoje foi o dia. Até que foi engraçado, porque foi um amigo do meu pai que procurou os contatos. Chegamos a uma pessoa que é filha de um dos parentes do meu avô. Fomos para a casa dela, mas nada tinha.

Depois fomos para a casa do primo do meu avô.

Dentro de casa, aguardava uma caixinha. Nela estava escrita `Cartas do Brasil`. Quando cheguei lá, uma surpresa: Fotos do casamento dos meus pais, dos meus tios, do meu avô. Fotos da minha irmã, fotos de casa, fotos minha. Muitas cartas...

Todo meu passado estava escrito lá dentro. Foi simplesmente emocionante.

Pegamos uma carta que meu avô tinha escrito em 1973. Lá estava toda a situação da família, desde que ele tinha aterrisado em terras tupiniquinhas. Foi emocionante.

Como meu passado pode ser resumido em uma pequena caixinha é estranho. Mas estava tudo lá. Tudo sobre minha família. Tudo sobre uma parte de mim...

Tá, eu prometo. Vou para de escrever posts sentimentalistas. Mas fazer o quê. Eu também sou mulher...

Sunday, September 17, 2006

Vida Noturna...

Dizem que no horóscopo animal japonês (para deixar bem claro que não é o horóscopo chinês), eu sou Loba.

Ainda por cima meu pai é coruja. Minha mãe, de vez em quando, uma onça.

Não sei se é por causa disso que estou começando a ter hábitos noturnos.

Não. Isso não é normal. Não foi isso que pedi a Deus.
Faz noites que estou com insônia.

Devolvam a minha vida diurna, por favor. Quero voltar a ser coelhinho branco!!!

Saturday, September 16, 2006

Juro que não foi praga minha...

Mas, não posso fazer nada. Mas é inacreditável!

MOTOMIX CANCELADO????

Friday, September 15, 2006

Na minha terra tem Palmeiras onde canta o sabiá...

Pois é, galera. Já faz um tempinho que estou do outro lado do buraco. De vez em quando sinto uma saudade tão grande do começo do buraco...
Não. Eu não estou entrando em estado deprimente de beber coca todo dia, não. Estou bem. Não preciso de anti-depressivos ainda. Mas a saudade de vez em quando bate...

Dá uma saudade do cheiro da cebola e do alho da mamãe quando ela faz feijão quando eu tô acordando. Daí, de pé, a Arale e o Shiro vem lambendo a minha cara e aí sinto que o dia vai começar. Minha mãe já deixa preparado o meu café da manhã e passo o tempo comendo, pensando e relembrando...

Relembro dos dias gloriosos de São Carlos. E eu sentia uma falta da minha mãe porque eu tinha que preparar o café-da-manhã todos os dias. Ia para a Vovó Lúcia quando tinha saco e comprava aquele pão francês quentinho. De vez em quando a Camila tava em casa e começávamos a conversar. Falar mal do encarregado filho da mãe ou do gerente que pôs alguém para chorar. Daí vinha a carona. Ela ia para Maceió e eu morria de inveja e ela morria de inveja de mim que ia para as estranholândias do interior de São Paulo.

Daí, o trabalho dependia da equipe. Existia a equipe dos bebuns, dos chatos, dos malas e dos não-fede-nem-cheira. Particularmente, eu era da equipe dos bebuns. Porque se tivesse alguém que ingerisse um mínimo de gota de álcool, eu, como a assistente mais velha, colocava os mais novos para beber mais. E, é claro, como você deve ter percebido na citação acima, os bebuns são os mais legais. O pior era o dia seguinte, que eu ia com bafo de cachaça para o Cliente. Eu não me aguentava. O Cliente deveria me querer sob banho de arruda, alecrim, erva-santa, erva-doce e de qualquer outra erva fedida que existe na face da terra. Que vergonha.

E quando o trabalho era com a equipe dos chatos para baixo, eu era a mais legal, então eu tinha todo o direito de mandar em tudo. E não é que isso funcionava? Engraçado que todo mundo me obedecia. Custou um tempo para descobrir que isso era porque eu era brava, e não legal.

Mas enfim, como qualquer rele trabalhadora mortal, sempre esperava com muito anseio as sextas-feiras. Como as sextas de aleluia eram boas! Eram boas durante a expectativa. Porque geralmente eu não saía, entrava em depressão e não fazia nada. Isso porque no sábado tinha que ir ao escritório para ter aulas de inglês ou para trabalhar. Na maioria das vezes eu cabulava as aulas de inglês na caruda e tinha que trabalhar com o professor olhando para minha cara e perguntando: Janete, why didn´t you come to my class?

O domingo era pior ainda. Se eu ficasse em São Carlos, chorava o dia inteiro. A não ser que uma alma amiga me chamasse para sair. Mas isso não acontecia, porque eu trabalhava a semana inteira e as pessoas já tinham esquecido da minha existência. Ninguém queria sair comigo. Mas quando eu saía era legal. Eu me divertia a beça e todo o stress da semana ia embora.

Mas geralmente, eu voltava para o meu lugar. Lá pro bairro das Palmeiras onde canta o sabiá. Lá é o meu refúgio. Meu esconderijo preferido. Meu lugar. Onde minha mãe me acolhe com os braços abertos e uma colher de pau para me endireitar e meu pai não vê problema em me acolher e me mima sem parar.

Quando acabo de tomar o café, estou eu, no meu canto, no meu refúgio. Onde não existe choro, não existe depressão. Lá eu me revitalizo. Eu me sinto forte. Recarrego as energias.

De vez em quando eu preciso desse recarregador. Mas graças a Deus, isso não é com frequencia. Estou ótima. Mas de vez em quando sinto saudades...

Sunday, September 03, 2006

Mas tinha que ser aqui no Japão?

Tudo acontece em dias normais.

Voltando para casa de bicicleta, em um dos primeiros dias de outono. O tempo não está tão quente assim. É fim de tarde.

Como de costume, atravessei o cruzamento da estação do Bonde. Falta pouco para chegar em casa. É só dobrar o estacionamento e lá estou eu no meu lar.Estou com um pouco de pressa, pois depois eu preciso sair de novo.

Ouço um grito atrás de mim. De primeira, acho que era uma criança gritando. Mas de repente, um silêncio. Olho para trás, uma moça jogada na faixa de pedestres. Não acreditei naquilo que vi, olhei de novo. E lá estava a moça esparramada na faixa de pedestres.

Fiquei olhando atônita. Ninguém se mexeu. Até que resolvi ligar para o 110 ban - Polícia, o único número que me veio a cabeça. Enquanto ligava, fiquei observando a cena. Parecia uma fotografia. Vários carros imóveis, inclusive a do autor(a) do baque. Ninguém se mexia. Quem tava perto não se movia.

Não conseguia chegar perto, pois não consigo falar ao telefone e andar de bicicleta ao mesmo tempo.

Quando o cara do 110 perguntou se precisava de ambulância, chegaram algumas pessoas perto da moça. Falei que precisava da ambulância. Depois o moço agradeceu e fui embora.

Não sou muito chegada em acidentes. E mesmo que eu fosse lá ajudar a moça, não saberia o que fazer e entraria em desespero. Por isso, voltei para casa e ouvi a ambulância chegar no local.

Depois o peso na consciência. Será que eu tinha que ficar lá? Será que fiz mal em não ter ajudado a moça? Será que eu podia fazer alguma coisa? Será...Será...Será???

Sinceramente, não sei o que fazer nessas situações.

Não sei se o que fiz foi certo. Foi a primeira vez que presencio algo assim. Seja o que for, espero que ela esteja bem agora, em algum lugar.